O presidente da Argentina, Javier Milei, afirmou que considera deixar o Mercosul caso isso seja necessário para firmar um acordo de livre-comércio com os Estados Unidos. A declaração foi dada nesta quarta-feira (22), durante um evento da Bloomberg no Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça. Questionado sobre a possibilidade, Milei respondeu de forma direta: “Sim”.
Milei, defensor do liberalismo econômico, já havia anunciado em dezembro seu objetivo de avançar em um tratado comercial com Washington. Segundo ele, “há mecanismos que permitem negociar dentro do Mercosul sem a necessidade de sair”. No entanto, o presidente deixou claro que a busca por um acordo com os EUA é prioridade e que, se necessário, romperá com o bloco.
Ele também criticou o sistema de tarifa externa comum do Mercosul, que, segundo ele, limita o potencial exportador dos países-membros. “O Mercosul, que nasceu para fortalecer laços comerciais, transformou-se em uma prisão que impede os países de explorar seu potencial econômico”, declarou.
Pelas regras do bloco, os membros não podem negociar acordos bilaterais sem o consentimento dos demais. Em ocasiões anteriores, os parceiros do Mercosul se opuseram a iniciativas unilaterais de seus integrantes. Ainda assim, Milei afirmou estar trabalhando com os demais países do bloco para garantir que o acordo com os EUA não enfrente resistência.
A postura de Milei reforça sua estratégia de reorientar a política externa argentina, priorizando relações bilaterais mais amplas e menos dependentes de blocos regionais.