O crescimento das apostas esportivas online gerou um impacto devastador na economia brasileira em 2024, com perdas de R$ 103 bilhões no varejo e quase 2 milhões de brasileiros endividados, segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
Famílias das classes C e D, com renda entre três e cinco salários mínimos, foram as mais afetadas. Dados do Banco Central revelam que os valores destinados a apostas esportivas e cassinos virtuais cresceram 180% em relação a 2023, impulsionados pela legalização da prática em 2018 e por maciços investimentos em publicidade, especialmente ligados ao futebol.
A CNC defendeu a regulamentação mais rígida do setor, com limites para apostas, programas de prevenção ao vício e campanhas de conscientização sobre os riscos das bets. Já a Associação Brasileira de Defesa do Consumidor relatou um aumento de 300% nas reclamações sobre apostas online em 2024, destacando a insatisfação crescente com o setor.
Em novembro, o Supremo Tribunal Federal (STF) confirmou uma liminar proibindo o uso de benefícios sociais, como Bolsa Família e BPC, em apostas esportivas. A decisão, de autoria do ministro Luiz Fux, também determinou o reforço de regras para impedir a publicidade voltada a crianças e adolescentes.
Desde julho de 2024, está em vigor uma portaria que proíbe anúncios direcionados a menores de idade.
Apesar das cobranças do Tribunal de Contas da União para limitar as apostas, o governo, por meio da AGU, alegou dificuldades técnicas para implementar ações eficazes. No entanto, em 2024, foi criada uma portaria que exige maior transparência das plataformas, identificação dos perfis dos usuários e monitoramento de comportamentos, buscando frear o avanço do endividamento.