A Controladoria-Geral da União (CGU) investiga a empresa R7 Facilities, vencedora de um contrato de R$ 321 milhões no governo Lula (PT), por suspeita de fraude em licitações e uso de laranjas. A firma, registrada no nome de um morador da periferia de Brasília, fornecerá 1,2 mil funcionários terceirizados a 12 ministérios ao longo de três anos.
A R7 venceu um dos maiores certames do setor, oferecendo o menor preço e superando 40 concorrentes. O Ministério da Gestão e da Inovação (MGI), comandado por Esther Dweck, declarou que a empresa atende a todos os requisitos técnicos e financeiros, enquanto a CGU apura indícios de declarações falsas e simulação de concorrência.
A empresa nega as acusações, alegando um histórico sólido no mercado. No entanto, quatro concorrentes contestam sua permanência na licitação, alegando que a R7 se beneficia de vantagens fiscais indevidas. O MGI ainda não analisou os recursos.
Após reportagens do O Estado de S. Paulo, a CGU iniciou uma investigação preliminar e, em janeiro de 2025, instaurou um Processo Administrativo de Responsabilização (PAR). Se condenada, a empresa pode ser multada em até 20% do faturamento ou ser proibida de contratar com o governo.
“As suspeitas recaem sobre provável utilização de declarações com conteúdo falso e possível combinação em certames licitatórios, bem como possível utilização de interpostas pessoas no quadro societário”, informou a CGU.
A R7 já acumulou R$ 696,8 milhões em contratos públicos desde 2019, mas expandiu significativamente sua atuação a partir de 2023, no terceiro mandato de Lula.
A empresa está registrada em nome de Gildenilson Braz Torres, um técnico em contabilidade que morava em uma casa simples no Distrito Federal e chegou a receber auxílio emergencial durante a pandemia. Em 2022, possuía apenas R$ 523,64 em suas contas, segundo documentos fiscais.
Investigações apontam que a R7 faz parte de um grupo com outras dez empresas registradas em nome de beneficiários de programas sociais, que desconhecem os negócios em seus nomes.
A R7 também prestou serviços de manutenção no presídio federal de Mossoró (RN), de onde dois detentos do Comando Vermelho fugiram em fevereiro de 2024. Após o caso, o Ministério da Justiça solicitou que a Polícia Federal e a Receita Federal investigassem a empresa.
A CGU também abriu processos contra outras duas empresas suspeitas de participação em fraudes ao lado da R7.
O governo Lula segue defendendo a contratação da R7. O MGI afirmou que não encontrou condenações que impeçam a participação da empresa. Além disso, sustentou que a consulta à Polícia Federal não é exigida como critério legal para a habilitação no certame.
Enquanto isso, as investigações continuam e o contrato de R$ 321 milhões segue em análise.