19 de setembro de 2024
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Quando a democracia brasileira voltou ao X

Por Hermes Magnus

Hoje será lembrado como um daqueles dias que a história contemporânea achará difícil de categorizar. O dia em que Elon Musk, numa manobra digna de um gênio bilionário de ficção científica, transferiu seu IP para os servidores da Microsoft e, de forma magistral, deu um nó nas aspirações censoras do STF brasileiro. Em um movimento que faria qualquer jogador de xadrez aplaudir de pé, o Twitter (ou X, para os íntimos) foi magicamente reabilitado, para espanto e desgosto de uns, e regozijo de outros. Afinal, bloquear o X agora seria como mandar um autêntico “shutdown” no coração digital de Brasília.

Imagine a situação: Alexandre de Moraes, aquele com o martelo sempre pronto para sentenciar, repentinamente impotente, com sua querida Anatel na corda bamba. A lógica aqui é clara: bloquear o servidor de Musk seria apagar também a base digital de boa parte do governo. E quem arriscaria esse blackout? Eis que o magnata da Tesla e SpaceX colocou todas as peças no tabuleiro de forma cirúrgica, forçando os agentes da censura a recuar. Um xeque-mate silencioso, mas de proporções épicas.

Quando o X voltou ao ar, como numa espécie de evento messiânico, ele reuniu toda a fauna digital brasileira: direitistas empolgados, esquerdistas indignados, os que permanecem em cima do muro (talvez esperando o vento mudar), os mitodependentes, e até os indefectíveis amantes de corruptos e “alexandristas” devotos da censura. Todos, de repente, com um microfone digital novamente em mãos. Ironia das ironias: até os que apoiam a censura de Moraes estavam de volta ao X, reclamando… que o X voltou.

A internet brasileira, por um breve e glorioso momento, estava completa de novo. O circo voltou a ter palhaços, trapezistas e, claro, seus inconfundíveis lançadores de flores e de excrementos, num espetáculo que faria o gordinho fogueteiro da Coreia do Norte corar de inveja com seus balões “inocentes”. E é aí que a magia da democracia, ou daquilo que restou dela, brilhou. Não porque Musk fosse algum herói. Nada disso. Heróis estão em falta, e ele certamente não é um deles. Mas ele é, à sua maneira, um democrata, embora não no sentido deturpado do termo que a política americana sequestrou.

Musk não salvou a democracia brasileira. Ele fez melhor: devolveu a chave do carro para que os brasileiros decidissem se querem continuar dirigindo ladeira abaixo ou encontrar um caminho de volta à estrada da civilidade. No final das contas, o retorno do X, da direita, da esquerda, dos incautocratas e dos alexandristas é apenas o mais recente capítulo de um país que insiste em caminhar entre a tragédia e a comédia. E, como bons brasileiros, o fazemos com uma mistura perfeita de ódio, amor e, claro, bom humor. Bem-vindos à democracia do X: onde todos têm voz, até aqueles que, ironicamente, queriam que ela fosse silenciada.

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