Gabriel Galípolo foi confirmado para substituir Roberto Campos Neto a partir de janeiro de 2025. Sem surpresas, o mercado reagiu bem. O diretor de Política Monetária do Banco Central tem atuado de forma técnica desde que assumiu o cargo, desviando-se das armadilhas da política partidária. Ex-CEO do Banco Fator, que auditou o Panamericano e estruturou a privatização da Cedae (RJ), o economista caiu nas graças de Lula durante uma live com economistas, ainda em 2021, ao dizer que nem todo o mercado era contrário ao petista. Seus integrantes querem apenas fazer negócios, independentemente da ideologia do ocupante do Palácio do Planalto. O futuro presidente do BC já interagiu em várias decisões unânimes e indiciou que dará continuidade à gestão de Campos Neto – considerada a melhor do mundo em 2023. Defende a independência do Banco Central, inclusive financeira, dando sinais de segurança e maturidade.
Vale ressaltar que Galípolo não é um quadro do PT, servindo muito mais como uma ponte com os agentes financeiros do que como uma ferramenta política dentro de um órgão que precisa ser técnico. Comparado a Campos Neto, o novo presidente do BC estaria alguns degraus abaixo, em termos de currículo e visão da máquina pública. Aos 42 anos, entretanto, sabe que tem um futuro muito mais promissor no mercado do que na política, caso mantenha esse perfil. Ao que tudo indica, Galípolo não deve servir a Lula para baixar os juros na marra — especialmente num momento em que o Copom sinaliza tendência oposta. Mas a pressão política virá cada vez mais forte até 2026, considerando o choque inevitável entre as expectativas do governo e o cenário de restrição orçamentária e desequilíbrio fiscal.